PRIMEIRO ATO
Vinha um burro, certa vez, alegremente a trotar
quando parou, de repente, pra ouvir um grilo cantar:
__ Que canto maravilhoso! Cante outra vez para mim!
Eu tudo, tudo faria pra poder cantar assim.
«Ele canta muito bem, eu só consigo zurrar.
Se eu comesse o que ele come, talvez pudesse cantar.»
__ Escute aqui, amiguinho, você, quando está com fome,
também gosta de capim? Diga-me: o que você come?
__ Ora - ora, eu como pouco; isso nem me dá trabalho.
Minha comida aqui está: eu me alimento de orvalho.
__ Só de orvalho... Ó, muito bem! Pois vou comê- lo também.
E desse dia em diante o coitado do burrinho,
de tanto beber orvalho,ficou magrinho, magrinho!
E depois tentou cantar, mas só conseguiu zurrar.
E o grilo que, nesse instante,do seu galho, tudo ouvia,
perguntou:
__ Que foi que houve? Por que essa gritaria?
__ Ai, amigo, estou tão fraco, estou magro como o quê
de tanto comer orvalho pra cantar como você.
__ Ora essa, que tolice!Não queira igualar-se a mim!
Os burros devem zurrar e devem comer capim.
Pois que lhe sirva a lição e que aprenda de uma vez:
Cada qual com seu destino,cada qual como Deus fez!
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